Um olhar sobre o mal-estar docente na perspectiva da contemporaneidade
Autora: Cristiane Pinholi Gregorim
Orientadora: Profª DRª Rosemary Roggero
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão e Práticas Educaccionais (PROGEPE) da Universidade Nove de Julho no ano de 2016
Resumo
A presente pesquisa tem como tema e objeto de estudo “O mal-estar docente na contemporaneidade”. Problematiza-se o que caracteriza o mal-estar docente e como ele se desenvolve no ambiente escolar. Como hipóteses apresenta-se que o mal-estar docente se manifesta por um sentimento de culpa, de responsabilização do professor diante dos inúmeros conflitos que as relações humanas no trabalho docente impõem; que o professor que sente esse mal-estar fica fragilizado na relação com seus pares e demais sujeitos do ambiente escolar e que o mal-estar docente não surge de repente, pelo contrário, ele aparece aos poucos, de maneira tímida e, quando se percebe já está trazendo consequências negativas ao professor e ao seu trabalho. O estudo tem por objetivo geral compreender o mal-estar docente, no contexto das relações internas à escola para pensar estratégias que visem à superação do problema e, como objetivos específicos: pesquisar as características do mal-estar docente; analisar a influência das contradições da sociedade e da cultura contemporânea no mal-estar docente e identificar como as relações interpessoais com alunos e demais sujeitos no ambiente escolar colaboram para esse mal-estar docente. A pesquisa teórica se fundamenta predominantemente em pesquisas que auxiliam a entender o mal-estar docente e na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. Os sujeitos da pesquisa empírica são professores com idade superior a 30 anos, porque já contam com algum tempo e experiência profissional, que nunca tiveram, em seus registros, afastamento do trabalho por sinais reconhecidos como mal-estar docente, mas que, convidados a participar, reconhecem sofrer do problema em algum grau. Com relação à metodologia de pesquisa empírica, ela é de cunho qualitativo e envolve relatos das histórias orais de vida temática dos sujeitos, das quais é possível extrair as seguintes categorias de análise: frustrações, desânimo, expectativas, mecanismos de superação, família e autoridade. Como resultados foram constatadas narrativas com carga emocional elevada, com riqueza de detalhes que tornaram o momento das entrevistas propício para autorreflexão e consciência de si e do outro. Conclui-se que os objetivos apresentados foram alcançados e que as hipóteses elencadas, parcialmente validadas, pois apenas a que se refere ao fato de o mal-estar docente instalar-se lentamente foi observada nas narrativas. Por outro lado, constata-se a dificuldade do professor em relacionar-se de maneira satisfatória com as famílias dos alunos e vice-versa, o que torna necessária e central a articulação conceitual entre as categorias ‘família e autoridade’ para a compreensão do mal-estar docente. Enfim, os narradores são unânimes em afirmar que as relações humanas são difíceis e, portanto, nesse sentido – como possível intervenção – pode-se pensar em que tipo de estudo pode ser inserido em sua formação básica e continuada. Acredita-se que estratégias de gestão de pessoas aliadas a técnicas de autoconhecimento, com foco na revisão de crenças e valores, poderiam auxiliar o docente em seu processo de autoformação, além de campanhas de comunicação que colaborem para a recuperação da imagem do professor na sociedade. Diante das informações obtidas com esta pesquisa, emerge um questionamento para pesquisas futuras: se a família tem perdido sua autoridade, seus filhos, na escola – como alunos – podem reconhecer no professor uma autoridade que não enxerga em seus pais ou responsáveis?
Palavras chave:
Mal-estar docente
cultura escolar contemporânea
relações humanas