Semiformação e Racionalidade Instrumental na Educação Contemporânea no Brasil

Me chamo Gianne, sou mestranda em Gestão e Práticas Educacionais e atuo como professora na educação básica. Através dos estudos da teoria crítica e da dialética negativa, passei a observar profundamente as práticas educacionais in loco. Adorno se tornou uma figura central em minha formação, fornecendo insights essenciais sobre as complexidades da sociedade e como estas se refletem no contexto educacional. Essa abordagem crítica tem sido fundamental para minha emancipação intelectual, incentivando-me a questionar e a pensar dialeticamente os avanços e retrocessos da vida.

Pensar dialeticamente a formação, como propõe Adorno, é considerar suas vias contraditórias, ou seja, vê-la como uma formação pela metade, que termina sendo falsa, daí argumentar que, na sociedade capitalista, vive-se uma semiformação – “semi” como incompleto, que se converte em uma pseudoformação – “pseudo” como falso.

Em nossa realidade, nem mesmo a elite contemporânea consegue se emancipar dessa pseudoformação, apesar das mensalidades caríssimas de algumas instituições educacionais, onde seus filhos são educados e preparados para o totalitarismo capitalista.

No sistema público de educação, já é sabido que a pseudoformação também prevalece, não emancipando intelectualmente os indivíduos. Enquanto a educação da elite visa a manutenção do controle social, a educação pública muitas vezes parece estagnada em suas práticas, revelando uma má consciência, impeditiva da emancipação que propõe em políticas e documentos, perpetuando a dominação social.

Em ambos os casos, a indústria cultural, por meio da semiformação intelectual, mantém a subjetividade aprisionada e cada vez mais alienada, por meio da racionalidade instrumental, que prioriza a objetificação e a transformação das relações sociais em meros instrumentos de manutenção do status quo, colocando à margem valores éticos, estéticos e reflexivos, que possibilitariam a emancipação da consciência e a autonomia.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

ADORNO, Theodor W. Teoria da semicultura. Educação e Sociedade, ano 17, nº56. 1996.

ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural. Traduzido por Vinicius Marques Pastorelli. – São Paulo: Unesp, 2020.

__________________. Teoria da semiformação. In: PUCCI, Bruno; ZUIN, Antônio Álvaro Soares; LASTÓRIA, Luiz (Org.). Teoria Crítica e Inconformismo: novas perspectivas de pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2010.

__________________. Educação e emancipação. 6º edição revista. Rio de janeiro: Paz e Terra, 2023. 208 p.

________________. Estudos sobre a personalidade autoritária. Traduzido por Virginia Helena Ferreira da Costa, Francisco Lopes Toledo Correa, Carlos Henrique Pissardo. São Paulo. Editora Unesp, 2019.

Gianne Carla Gomes de Carvalho

Sou Gianne Carvalho, sou mestranda em Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) pela UNINOVE. Sinto-me profundamente realizada por poder me emancipar através da Teoria Crítica, especialmente a dialética negativa de Adorno, que tem sido uma fonte contínua de Inspiração, enriquecendo minha jornada acadêmica e pessoal.

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