A mudança do perfil do público da EJA: desafios e perspectivas
Autora: Luciane Cristina Corte
Orientadora: Profª DRª Rosemary Roggero
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão e Práticas Educaccionais (PROGEPE) da Universidade Nove de Julho no ano de 2016
Resumo
A presente Dissertação tem como tema a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ensino Fundamental II e estuda um Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) localizado no município de São Paulo. Para compreender o seu objeto: a mudança do perfil do público da EJA, com recorte sobre a inserção do jovem no primeiro emprego, partindo do referencial teórico da teoria crítica de Frankfurt em diálogo com Paulo Freire e outros autores que versam sobre essa temática, apresenta as questões de pesquisa que problematizam o tema: Quais fatores contribuem para a mudança do perfil do público da EJA (especialmente etário) nos últimos dez anos? Qual é a importância dessa modalidade de escolarização na inserção socioprofissional do jovem? Quais possibilidades formativas são possíveis no contexto apontado?, ouviu alunos dos Módulos IV (respectivos 8º e 9º anos) com idade entre 15 e 18 anos por meio de narrativas orais de história de vida para comprovar ou refutar as hipóteses que respondem essas perguntas. A primeira hipótese pressupõe que os fatores que contribuem para a mudança do perfil especialmente etário do público da EJA têm sido: a difusão de projetos e programas públicos de Educação de Jovens e Adultos; o aumento dos anos de permanência obrigatória na escola; expectativas de direito de escolarização para todos determinada pela LDB/96 e normatização subsequente; evasão e repetência dos jovens e adolescentes no ensino regular; a necessidade de acelerar os estudos desses jovens para inserção no mercado de trabalho. A segunda hipótese sugere que o jovem não recebe formação e instrumentos necessários para enfrentar as demandas e contradições desse modelo de sociedade que determina ao jovem de baixa renda (quanto à sua inserção do mercado de trabalho), apenas as áreas de prestação de serviço precário e, ele, não sendo formado para ter uma leitura crítica da realidade e situar-se nela, se sujeita a essas condições de trabalho, fazendo jus, na maioria dos casos, a não mais que dois salários mínimos. Nesta perspectiva, a escola tem o papel apenas de moldá-lo para receber ordens e ser obediente às regras que culminam com as necessidades que o capitalismo contemporâneo impõe, não contribuindo para a emancipação de suas condições de vida e trabalho. A terceira hipótese sinaliza que no atendimento ao público diverso da EJA não são estabelecidas, de maneira eficaz, as relações entre escolarização e trabalho. Os objetivos são: identificar os principais fatores que influenciam a mudança do perfil da EJA nos últimos 10 anos; verificar as contribuições da EJA para a inserção do jovem no mercado de trabalho, especificamente ao primeiro emprego e refletir acerca das práticas formativas para atendimento do público cada vez mais diverso que a frequenta. A metodologia da pesquisa empírica engloba pesquisa documental e bibliografia somada à história de vida temática. A utilização do método de história de vida constituiu material para análise, determinando as seguintes categorias: Fragmentação discursiva e pensamento superficial; Vínculos aparentemente supérfluos; Contradição entre o real e o possível; Pressa em concluir a escolarização e pseudoformação. A partir da análise do conteúdo das narrativas orais de história de vida, constatou-se que as hipóteses se confirmam e os resultados mostraram que há contradições a serem superadas para uma melhor articulação entre a formação realizada na EJA e o mundo do trabalho.
Palavras chave:
Mudança de perfil
EJA
jovens
trabalho
história oral